Comportamentos estranhos podem ser sinônimos de fatos ocultos enigmáticos.
O conto Revelação, de Iza Artagão, começa de maneira intrigante e segue assim até o fim. Ele conta a história da detetive Ariela Paixão, Policial Civil, que, além disso, é madrinha da pequena Mari, filha da sua amiga Dani que conhece desde o ensino médio.
Uma fala, ainda de origem oculta, narra um fato que é impossível ao entendimento dos minimamente racionais. A história se desenrola e o mistério segue sendo revelado — como o título indica — conforme vamos avançando na leitura.
Desde muito nova, Mari apresenta comportamentos relativamente fora do comum como seu humor e a forma excessiva, tanto quanto séria, com que conversa com suas amigas imaginárias. Sua mãe, Dani, não sabe mais o que fazer e desabafa com Ari, que, depois de observar a criança, sentiu um forte interesse em analisar mais afundo essa característica. Com isso, a detetive dribla a correria do dia a dia para estar mais presente na vida da amiga e, desse modo, se reaproximar da afilhada para entendê-la melhor.
O caso vai se mostrando mais denso. Mari teria mesmo apenas comportamentos estranhos? Eles, contudo, andam lado a lado com uma situação bem difícil de digerir e, em meio a investigação Ariela se depara com o “é agora ou nunca”. Precisa tomar uma atitude imediatamente.
Há um confronto inquietante e de causar muita indignação no leitor e Ari demonstra sentir o mesmo. Luta, apesar da asma, para vencer um duelo, quando, de repente, algo acontece e a tortura finalmente tem seu fim, para ela e todos os envolvidos. Além disso, define a resolução de um caso investigativo sobre o Monstro do Parque Tabuado, fechado há anos para cobrir a incapacidade do órgão público de concluí-lo. Na verdade, ele não está tão longe quanto utopicamente muitos acreditam.
A escrita de Iza Artagão é ótima e deu prazer em ler, até mesmo a forma como conduziu toda a história que parecia domá-la muito bem. A autora não se aprofunda na vida e nos sentimentos dos personagens, o que em alguns casos pode haver o afastamento do leitor quanto a identificação com eles. Porém, nesse caso, não interferiu, visto que se tem uma criança fortemente representada, com uma causa comovente.
Tive a sensação de deixar situações abertas, que eu gostaria que fosse melhor desenvolvida como é o caso que envolve Anestor, também detetive, isso daria um desfecho melhor. Entretanto, são apenas detalhes, não á toa o conto foi finalista na categoria Narrativa Curta Policial do III Prêmio Aberst 2020 (Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror).
Autor: Iza Artgão
Gênero: Literatura brasileira / Conto / Policial / Violência
Páginas: 22
Páginas: 22
Edição: 1ª Edição
Editora: Independente
Publicação: 2020
ISBN: B089QW2QKD
Minha avaliação: ★★★★_
Sinopse:
Ariela Paixão, investigadora da Polícia Civil, é confrontada com uma revelação desconcertante da sua afilhada, Mari, de apenas 7 anos.
Realidade? Invenção? Fantasias de uma mente infantil?
Decidida a acreditar na menina, Ariela inicia uma busca frenética por pistas antes que o perigo à espreita torne tudo tarde demais.
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Andressa Santiago