Cartas De Um Defunto Rico | Lima Barreto

Escrito por Andressa Santiago - julho 26, 2021

Esta carta é do defunto José Boaventura da Silva dedicada aos seus parentes e amigos. Nela, ele diz o quanto se sente feliz por ter se elevado e não ter a pressão de se preocupar com as coisas deste mundo racional que tanto o impunha comportamentos que o deixavam descontente da vida, “Não tenho as dificultosas tarefas que, por aí, pela superfície da terra, atazanam a inteligência de tanta gente.”. O corpo se encontra em um local somente para ser um marco para os que ficam, mas sua alma se encontra presente em todos os lugares. Como ele diz, o velório é feito pelos vivos e para os vivos, e acrescenta com “É uma tolice de certos senhores disporem nos seus testamentos como devem ser enterrados.”

Os mortos não perseguem ninguém e só podem gozar da beatitude da super existência aqueles que se purificam pelo arrependimento e destroem na sua alma todo o ódio, todo o despeito, todo o rancor.

O defunto se mostra um grande pensador acerca dos fatos históricos tanto quanto os contemporâneos. Reflete, por exemplo, sobre a beleza das coisas mortais, na qual só é possível tal beleza pela alma, isto é, o sentimento depositada nela por meio de quem a possui. Declara ainda sobre como existem situações no passado que precisam ser esquecidas para que exista felicidade entre os indivíduos.  

"... Desde muito, havia encontrado, no fundo das coisas humanas, um vazio absoluto."

João faz alguns pedidos ao seu filho, Carlos, para que ele dê seu ordenado a um pobre rapaz, que se contente com o que herdou e com o que tem a sua mulher. “Se não fizeres... ai de ti!”. Mas diz estar longe de, principalmente agora, repreender e envergonhar seu filho, sua justificativa: “Minha missão, quando me consentem, é fazer bem e aconselhar o arrependimento.”

"Os vivos me merecem unicamente piedade; e o que me deu esta situação deliciosa em que estou foi ter sido, às vezes, profundamente bom."


 Partindo de sua missão em aconselhar, o defunto faz uma petição aos que velam por ele, e não deixa de ser um protesto à soberba e alienação humana. Seu pedido foi para que desse ao pobre cocheiro mal vestido as roupas do próximo que velarão, já que não se atentaram a esse fato em seu velório chique, pois, sendo o próximo felizardo defunto tão bem arrumado quanto ele havia sido, o beneficiário ficará muito grato em receber a doação, sobretudo os benévolos se sentirão melhores por fazer uma caridade.

"Era o que eu tinha a dizer a vocês. Não me despeço, pelo simples motivo de que estou sempre junto de vocês."

Escolhi esse conto pelo título que me deixou bem curiosa e, sabendo da importância de Lima Barreto para a literatura, imaginei que não fosse me decepcionar. Ele é o principal escritor no pré-modernismo brasileiro. Cartas De Um Defunto Rico é uma leitura cativante e prazerosa. Terminei querendo mais e mais, e certamente mal posso esperar para ler outro conto desse grande autor. Ele terminar é a única crítica que tenho a fazer. Por fim, leiam, leiam, leiam. E releiam.


  Título Original: Cartas de um defunto rico
  Autor: Lima Barreto
  Gênero: Contos / Ficção / Literatura Brasileira
  Páginas: 20
  Edição: 1ª Edição
  Editora:  Mórula Editorial
  Publicação: 2013
  ISBN:  9788565679091
  Minha avaliação: ★★ (Ótimo)

Sinopse:
Carta escrita pelo defunto José Boaventura da Silva dizendo o quão feliz ele está por estar livre da sociedade e de suas pressões.

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Andressa Santiago