Apesar de tudo, o sonho já existe em nossa mente e sempre terá espaço e motivo para acontecer em nossa vida, basta querer.

O conto De Repente, Tudo Mudou, de Fabiana Oenning, narra a história de Cecília — uma jovem sonhadora e romântica —, e seu namorado Miguel — um homem muito paciente e que se mostra como um dos personagens dos livros que ela lê. Namorando há três anos, ambos estão se preparando para uma viagem à Londres, na qual o voo sai em poucos minutos.

"Ainda que nossos olhos estejam sãos, quão cegas estão nossas almas?" — Muriel Cristina Vieira

 

Gerações familiares que retornam às suas raízes e mantém viva as lembranças dos antepassados 

Ela era excluída por ser diferente, ou era diferente por ser excluída?

Esse romance de formação, narra a história de Kya, que aos seis anos de idade, mesmo sem saber ler, aprendeu o significado da palavra abandono. Sua mãe — cansada de ser constantemente agredida pelo marido —, deixou os filhos e embora seu intuito fosse voltar para buscá-los, foi ameaçada. Seus irmãos, pela mesma forma. Por fim, restou seu pai e ainda que tivessem bons momentos juntos, deixava maior parte do dinheiro nas bebidas e retornava quando bem entendia, até que — como ela esperava — também não voltou. Eles a tinham abandonado para sobreviver e se defender. Então ali estava ela, sozinha.

O contexto social se faz presente em diversos momentos. Bem como a situação da protagonista por viver em condições precárias e tentativas falhas de se incluir na sociedade ao ser estereotipada e excluída. Além disso, aborda assunto como a segregação e o racismo, desigualdade de gênero e social. Desse modo, a experiência de Kya na cidade foi hostil.

Aos dez anos, sua tentativa de ir para a escola foi frustrada, e mesmo tão nova aprendeu como ganhar o próprio sustento com a ajuda provida pela natureza do pântano onde morava. Nas poucas vezes em que ia até à cidade para trocar seus mariscos por mais mantimentos fez um casal de amigos, e a relação entre ambos era fraternal — principalmente quando esteve incluída em uma investigação criminal.

A narrativa alterna entre a evolução de Kya e seu julgamento por um crime misterioso ocorrido no pântano. Essa dinâmica do livro mantêm o leitor interessado no rumo que a vida da protagonista irá tomar.

Sua família a abandonou a própria sorte para sobreviver no pântano, entretanto, havia alguém que ia até seu barracão para lhe deixar penas raras, e esse alguém era Tate. Ele teve um lugar especial em sua vida e foi complacente. Ensinou-a a ler, escrever e foi fundamental na concretização de um lindo sonho que nasceu de sua solidão. 

As más experiências na cidade fizeram com que Kya fugisse sempre que houvesse a possibilidade de contato humano. Por esse motivo, não frequentou a escola e só ia à cidade de Barkley Cove para buscar mantimentos e visitar o casal de amigos que fez.

A relação dela com Tate é pura, honesta, respeitosa, amigável e amável. Apesar de ter problemas, como em qualquer relacionamento, havia uma certeza reconfortante e uma capacidade de superação motivadora. Ainda que a narrativa não seja em torno desse romance, pois foca no desenvolvimento pessoal de Kya.

Como se não bastassem todas as experiências duras que viveu, Kya foi presa por dois longos meses sem direito a fiança. Primeira detenta mulher em anos, e sobretudo com risco de receber pena de morte. O que não acontecia no condado há duas décadas. Aceitava ver apenas Jodie — seu irmão que havia voltado —, e seu advogado. Kya foi acusada de algo gravíssimo e, por sorte, conseguiu a empatia inesperada de um advogado experiente.

“A menina do brejo”, como era conhecida, colecionava penas e as catalogava, hobby que evoluiu para conchas e tudo que incluía a natureza. Com o tempo passou a desenhá-las usando giz ou aquarelas. Seu amor pelo brejo fez dela uma autora e bióloga premiada, sendo, desde então, a Catherine Danielle Clark. Grande reconhecimento e respeito para quem um dia foi excluída da sociedade severamente.

Além de escritora, Delia Owens é cientista e frequentemente discorre sobre a natureza com muita propriedade e clareza, sobretudo de modo poético. É apresentado descrições sobre o pântano e tudo o que nele vive. Se, assim como eu, você gosta de observar a natureza ou deseja criar esse hábito, essa leitura é uma grande oportunidade de conhecer animais exóticos.

Após publicar os livros, ela arrumou e legalizou o barracão, ninguém poderia tirá-la do que sempre foi seu lar. Desenvolveu uma afinidade com o pântano e com ele conquistou uma vida digna. Contudo, sua finalidade sempre foi proteger a natureza que vinha sendo alvo de extinção. Frequentemente recitar poemas de Amanda Hamilton, pois era uma forma de exteriorizar o que estava sentindo.

A leitura foi fluida e contém poemas — a poeta me pegou de surpresa e se é daqueles que pesquisa enquanto lê, prepare-se. O final tem muitas, MUITAS, reviravoltas. Como assim termina o livro e me deixa com essa?!

“O primeiro amor deixa marcas para a vida inteira”

Nicholas Sparks não poupa romantismo e ele deixa isso bem claro em O Melhor de Mim. E posso dizer que ele sabe muito bem como conquistar o leitor logo no primeiro parágrafo. Essa belíssima história tem como ingrediente: suspense, ação a gosto, uma pitada de drama e uma colher de sopa de realidade, tendo como principal ingrediente o romance, fato. 

Trata-se de dois estudantes que se apaixonam perdidamente na primavera de 1984, ambos da pequena cidade de Oriental, Carolina do Norte, porém de vivências e famílias diferentes e por isso viveram um namoro proibido, mas mesmo sendo jovens seus sentimentos não oscilavam e sabiam que seria assim para sempre.

Dawson Cole é de uma família desestruturada, deixado pela mãe e sendo criado pelo pai criminoso que batia nele todos os dias com cintos e correias, e aos 12 anos as surras pioraram. Não bastasse o pai, seus primos Ted e Abee também o agredia. Tinham péssima reputação, mas Dawson lutava para ter um futuro diferente. Cansado de ser agredido, aos 16 anos ele enfrentou o pai e disse que: se tocasse nele novamente o mataria, saindo de casa procurou abrigo e emprego na oficina de Tuck, e conseguiu. Não resistindo o que vinha ocorrido em sua família, ao se debater com seu pai ocasionou um fatal acidente que matou seu melhor amigo e foi preso por homicídio. Para ele, ao lado de Amanda era encorajado a ser ele mesmo, mas sabendo que passaria 4 anos na prisão rompeu o namoro com Amanda para que ela seguisse seu sonho.

Por outro lado, Amanda Collier, popular e animadora de torcida é de uma família tradicional, rica e influente, aluna exemplar que sonha em ingressar numa faculdade de renome. Tuck, o melhor amigo do casal encobertou o namoro que durou até Amanda ir embora da cidade para seguir seu sonho. Que por sua vez viu no Dawson seu porto seguro.

Separados de maneira cruel e implacável, passados 25 anos, ambos vivendo suas vidas, Dawson recebe a triste notícia de Dr. Morgan Tanner que Tuck teria morrido, mas antes, pedido que fosse até Oriental. Ao se encontrar com Dr. Tanner recebeu a carta deixada por Tuck com instruções.

Na casa de Tuck, Dawson encontra Amanda que também tinha recebido instruções e estava se preparando para o velório do grande amigo. Mas o que eles não sabiam é que apenas um fim de semana juntos seria capaz de revolucionar seus destinos — para sempre — e que, o primeiro amor jamais esquecido voltaria à tona.

 

"Nesse romance Nicholas Sparks reafirma que o amor é a forma mais poderosa do Universo - e que, quando duas pessoas se amam, nem a distância nem o tempo podem separá-las." (Nota do livro)

Hibisco Roxo é narrado por sua protagonista Kambili, uma adolescente de família rica e influente, que vive sob os dogmas e os regimes estabelecidos por seu pai Eugene (papa), um católico extremista, empresário e dono do único jornal que expõe a verdade se opondo ao governo, e sobretudo, passando por um processo de aculturação.

Ainda sobre a família dela, temos sua mãe Beatrice (mama) e seu irmão mais velho, Jaja. Mama é silenciada, manipulada e agredida pelo marido, o que a faz passar por diversos abortos. Vivendo um casamento sob pressão e constantes imposições tem sua liberdade e autonomia como mulher e mãe aniquiladas. Por outro lado, Jaja, como figura masculina na família, se vê pressionado a tomar atitudes em prol de Beatrice e Kambili, pois, embora viva também sobre os regimes e dogmas do pai, tem uma voz relativamente mais ativa, em comparação às mulheres.

[...] Porque Nsukka pode libertar algo no fundo de sua barriga que sobe até a garganta da gente e sai sob a forma de uma canção sobre a liberdade. E sob a forma de riso. [...]