Pulp | Charles Bukowski

Escrito por Andressa Santiago - julho 27, 2021

"Só se anda uma vez na roda-gigante. A vida era para quem se arriscava."


A novela Pult é o último livro escrito por Charles Bukowski e foi lançado pouco depois de seu falecimento, em 1994. Nele, Buk retrata a vida do detetive particular Nick Belane de Los Angeles, que vende bem seu peixe ao se apresentar como o melhor da região. Ele é um alcoólatra durão que não tolera desaforos de espertalhões — que parecem o perseguir —, além disso, é desconfiado de tudo e todos e seu melhor amigo é uma arma, uma 32. Porém, quem o livra das emboscadas em sua grande maioria é sua cliente Dona Morte — que segundo Belane, é “Um glorioso barato de carne” —, pois precisa dele vivo para a resolução do seu misterioso caso.


Além disso, de modo geral, aparenta ser um um consenso dos leitores que essa obra não está entre as melhores de Bukowski, como é relatado no blog Punk Brega: “o excesso de referências à subliteratura (a quem o autor dedica a obra) e a fantasia e filmes B”, acaba tornando o meio do livro um pouco esquizofrênico, um excesso de sátira que impede que ele chegue ao nível dos melhores Bukowskis como “Misto Quente” ou “Fabulário Geral do Delírio Cotidiano”.

Como primeira livro lido do autor, foi bom para ter o primeiro contato com essa literatura tão divergente e criticada por ser um livro pequeno, apesar de não ser um dos melhores, como vemos. Inicialmente demorei um pouco para me acostumar e compreender para além do palavreado dos personagens, pois faz parte da cultura e contexto social em que o personagem principal, Belane, está incluído.

Fiquei surpresa por conter personagens fictícios, como é o caso de Dona morte e a alienígena Jeannie Nitro, e fiquei intriga em qual fim ele teria conforme as páginas foram diminuindo, gostei.

Por fim, Bukowski faz críticas importantes ao modo como tratamos a natureza e o local onde habitamos. Se ele fez isso nos anos 90, temos uma grande noção que não avançamos em nada, porém, se cada um tiver as atitudes o que lhe cabe, no futuro poderemos ver bons resultados afinal. “A gente não se prepara, esquece, ignora, ou é muito estúpida para pensar no assunto”, essa frase, tirada de outro contexto do livro, se encaixa perfeitamente nessa crítica.

Ele não para por aí e critica também a literatura contemporânea, bem como a luta trabalhista desigual e a pobreza, “Definição de bom bairro: um lugar onde a gente não tem condições econômicas de morar.”


“Uma homenagem? Uma reflexão sobre o fim da vida? E tomara que a morte estivesse linda, gostosa e sexy — como está nesta história — quando encontrou o velho Buk meses depois de ter posto o ponto final nesta pequena obra-prima.” [O último suspiro do velho safado | Contracapa do livro, edição L&PM Pocket]



  Título Original: Pulp
  Autor: Charles Bukowski

  Gênero: Literatura fantástica / Romance / Mistério
  História de detetives / Ficção Absurdista
  Páginas: 176
  Edição: 1ª Edição
  Editora:  L&PM
  Publicação: 2009
  ISBN:  9788525418630
  
Sinopse:
No livro, Bukowski narra os episódios da vida de Nick Belane, um detetive particular de Los Angeles. Um cara durão, mas azarado, que divide o seu escritório com as moscas e as baratas, sempre atrasando o aluguel. Em um dia insuportavelmente quente, Belane é surpreendido por uma mulher sexy, de longas pernas, "um glorioso barato de carne", que chega ao seu escritório. Seu nome é Dona Morte. Ela tem um trabalho para o detetive: encontrar Celine, um escritor francês que está morto há 32 anos, mas que ela insiste em dizer que avistou em uma livraria de Los Angeles. Na busca por Celine, Belane também investiga outros estranhos casos, todos envolvendo vigaristas dos mais variados tipos, perseguições, assassinatos, brigas de bar e até uma conspiração alienígena. Dona Morte, uma mulher inacreditavelmente fatal, é a personificação do sentimento que acompanhava Bukowski no período em que escreveu a obra, o de estar vivendo os seus últimos dias. Pulp foi escrito em 1993, nos intervalos entre as sessões de quimioterapia a que Bukowski se submeteu devido à leucemia que o mataria meses mais tarde.

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Andressa Santiago